quinta-feira, 31 de janeiro de 2019


A proposta de produção solicitou a continuação da narrativa: 

Começo e continuação 

   Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre muito próximo. Virei-me devagar, abri os olhos. O cavalo erguia-se interminável na minha frente. Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de palha, que disse logo o seguinte:
   - O que você faz aqui, quem é você?
   Olhei-o novamente, estava falando comigo, seu tom de voz não era amigável. Disse de novo:
   - O que faz aqui, quem é você? Diga!
   - Sou Ricardo, venho da cidade.
   Ele desceu de seu enorme cavalo e sentou-se ao meu lado, olhava-me com curiosidade e nervosismo, parecia que não tinha muito contato com as pessoas. Perguntei:
   - Quem é o senhor?
   - Sou eu.
   Não entendi sua resposta. Queria saber mais, porém seu olhar me intimidava e não abaixava a espingarda. Continuei perguntando:
   - Senhor, é dono desta terra?
   - Sou dono do mundo, o mundo é minha casa.
   Continuava misterioso, mas já relaxava e a espingarda não mirava mais no meu coração. Ele olhava distante como se lembrasse de algo e me falou:
   - Tinha uma mulher, vivíamos aqui, nossa casa era simples, mas existia felicidade. Um dia minha mulher se foi, a felicidade também. Vendi a casa e fui morar no mundo, em cada canto que dava e às vezes passo por aqui para lembrar que fui feliz.
   - O senhor é bom, desculpe-me invadir seu espaço.
   - Não tem nada não, esse espaço só foi meu enquanto ela viveu. Agora já vou indo, procurar uma cama para dormir. Até mais.
   Despediu-se. Foi embora no seu cavalo gigante e eu fiquei ali imaginando a vida sofrida daquele pobre homem que se entristeceu pela morte da mulher. Dormi.

Geovana - 9° ano - 2014

Um comentário:

  1. Caramba a historia não e muita mais e boa e seus sentidos são otimos, uma boa historia para se conta.

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